A tradição das Vindimas do Douro e da lagarada espera por ti, bem como as várias especialidades regionais, desde a bola de carne aos vinhos licorosos. Dias 20 e 27 de setembro, viaja no sabor da tradição e embarca nesta viagem deslumbrante rumo à Quinta da Avessada, para viver a magia do Alto Douro.

Viaja no sabor da tradição das Vindimas do Douro

As Vindimas no Douro – Parte 1: Uma Tradição Milenar no Coração de Portugal

O Douro, com os seus socalcos desenhados ao longo das margens do rio que lhe dá nome, é uma das regiões vinícolas mais emblemáticas de Portugal — e do mundo. A sua paisagem, declarada Património Mundial pela UNESCO em 2001, é resultado de séculos de trabalho humano, moldando montanhas agrestes em vinhedos que desafiam a natureza. Entre setembro e outubro, esta região transforma-se num verdadeiro palco de celebração: é tempo de vindimas.

As vindimas no Douro não são apenas uma atividade agrícola. São um ritual, uma tradição enraizada nas famílias, nas aldeias e nos corações daqueles que vivem da terra. É o culminar de um ano de trabalho, de espera, de esperança. As vinhas, cuidadas com dedicação ao longo das estações, finalmente oferecem os seus frutos: cachos de uvas que irão dar origem a vinhos que contarão histórias — entre elas, a do famoso Vinho do Porto.

O Ciclo da Vinha e a Expectativa das Vindimas

O ciclo da vinha começa no inverno, com a poda, quando os agricultores cortam os ramos secos, preparando a videira para um novo ciclo de vida. Depois vem a primavera, com a rebentação e a floração, seguida pelo verão, onde o sol amadurece lentamente os frutos. As uvas acumulam açúcar, ganham cor e sabor. Mas é no final do verão, quando os dias ainda são quentes mas as noites já refrescam, que o agricultor decide: chegou a hora de vindimar.

A decisão sobre o momento certo para iniciar as vindimas é crítica. É feita com base em análises laboratoriais e na experiência adquirida ao longo de gerações. Os produtores avaliam o grau de açúcar das uvas, a acidez, os aromas. Um erro de dias pode comprometer a qualidade do vinho. A vindima é, assim, um equilíbrio delicado entre ciência e intuição.

A Vindima Tradicional: Um Trabalho de Comunidade

Apesar da modernização crescente da indústria vinícola, muitas quintas do Douro mantêm viva a tradição da vindima manual. Homens e mulheres, muitas vezes famílias inteiras, percorrem os socalcos com tesouras de poda e baldes, cortando cacho a cacho. O trabalho é duro: o sol é intenso, as encostas são íngremes, e as cargas pesadas. Mas há um espírito de festa e de comunhão que anima os dias.

Em algumas quintas, ouvem-se ainda as vozes que entoam cantigas antigas, marcando o ritmo da colheita. É um momento de reencontro, onde regressam aqueles que partiram para as cidades, onde se cruzam gerações. Os mais velhos ensinam os mais novos, passando conhecimento oral sobre a vinha, o vinho, e a vida.

As uvas colhidas são transportadas em cestos de vime ou caixas plásticas, sendo rapidamente levadas para os lagares. A rapidez é fundamental para evitar a oxidação e garantir que a fermentação decorre sob controlo. Algumas quintas utilizam tratores ou pequenos elevadores mecânicos para facilitar o transporte, mas em muitas, ainda se vêem os carregadores com os pesados cestos às costas, subindo e descendo os socalcos.

Os Lagares e o Pisado das Uvas

Uma das imagens mais emblemáticas das vindimas no Douro é o lagar de pedra onde se pisa a uva com os pés. Esta prática ancestral, que pode parecer ultrapassada, é ainda usada em várias casas produtoras, especialmente para o Vinho do Porto de categoria superior.

Pisar as uvas com os pés, em vez de usar maquinaria, evita a quebra das grainhas, que libertariam taninos indesejados e poderiam comprometer o sabor do vinho. O pisado é feito em grupos, geralmente ao fim da tarde, com música, cantoria e, por vezes, até danças improvisadas dentro dos lagares. As pessoas alinham-se lado a lado, num movimento coordenado, e durante duas horas ou mais vão massajando suavemente as uvas até obterem um mosto espesso e aromático.

Após o pisado, o mosto é deixado a fermentar, iniciando o processo mágico de transformação em vinho. No caso do Vinho do Porto, o processo é interrompido com a adição de aguardente vínica, preservando parte do açúcar natural da uva e conferindo ao vinho a sua doçura característica.

Mais que Vinho: Uma Experiência Cultural e Emocional

As vindimas no Douro são, acima de tudo, uma experiência emocional. Quem participa sente que faz parte de algo maior, de uma herança que ultrapassa o tempo. Os visitantes que acorrem à região por esta altura — muitos em programas de enoturismo — não estão apenas a ver uvas a serem colhidas: estão a testemunhar uma tradição viva, onde a história se mistura com o presente.

Há quintas que oferecem programas completos: colheita, pisado das uvas, prova de vinhos, jantares ao ar livre com produtos regionais, música tradicional. A hospitalidade duriense é calorosa, autêntica. Aqui, não se brinda apenas com copos — brinda-se com o coração.

Viaja no sabor da tradição das Vindimas do Douro

  • Programa de um dia, com viagem em comboio especial, com carruagens Corail de 1ª e 2ª classe, no percurso Porto Campanhã/Pinhão e Régua/Porto Campanhã, com partida às 8h00 e regresso pelas 20h29.
  • À chegada à Estação de Pinhão e após transfer em autocarro até à Quinta da Avessada, será feita a receção aos visitantes com música e degustação de algumas iguarias da região, como por exemplo, o tradicional pão e bola de carne.
  • Em seguida terá início a vindima, onde serão fornecidos baldes, tesouras e chapéus de palha, e explicadas as castas, a história da região e algumas tradições relacionadas com a vindima.
  • Segue-se um almoço regional, composto por entradas (pataniscas de bacalhau, enchidos variados e pão de Favaios), prato principal (sopa à lavrador e naco de vitela estufado em vinho tinto) e sobremesas (doces regionais e fruta da época). Estão incluídas as bebidas (água, vinho DOC, café e aguardente digestiva).
  • À tarde, visita aos lagares e início da lagarada, seguida de prova comentada de vinhos licorosos no espaço da Enoteca.
  • No final do dia, regresso de autocarro à Estação da Régua de onde partirá o comboio especial com destino a Porto Campanhã.

Nota: este comboio especial dispõe de serviço de bar em carruagem própria e efetua paragem para embarque/desembarque de clientes nas seguintes estações: Rio Tinto, Ermesinde, Paredes, Penafiel, Caíde e Mosteirô.

Reserva já o teu lugar.

Viaja no sabor da tradição das Vindimas do Douro

Créditos:  CP – Comboios de Portugal
Créditos imagem: Foto de Pedro Rebelo Pereira
Créditos cover: Foto de Andrew McLeod